terça-feira, 17 de março de 2009

O SINDICALISMO NO MUNDO, NO BRASIL E EM ALTO DO RODRIGUES

Podemos contar a história das associações de trabalhadores a partir da criação das corporações de ofício europeias, no fim da Idade Média, quando os artesãos constituíam sociedades com o objetivo de proteger-se da exploração dos barões, duques, marqueses e demais senhores feudais, e também para se protegerem da concorrência de outros artesãos. Nesse tempo, o simples fato de uma pessoa ser filha de servos a obrigava por toda a vida a pagar tributos a um senhor, que tinha direito aos tributos pelo simples fato de ter herdado uma terra, chamada de 'benefício' ou 'feudo'.

Durante o século XIX, com a expansão da Revolução Industrial, houve uma crescente piora das condições de vida dos trabalhadores, que eram obrigados a trabalhar as maiores jornadas (chegando a 18 horas diárias) e a receber os menores salários, além de não terem direito a qualquer compensação em caso de acidente de trabalho, ou qualquer garantia em situação de doença, gravidez e velhice. Os sindicatos foram sendo criados à medida que as indústrias se espalhavam e, de sua luta, resultaram os direitos a aumentos salariais, férias remuneradas, aposentadoria, paridade de salário entre homens e mulheres, dentre muitos outros.

No Brasil, os sindicatos chegaram com os imigrantes italianos, os quais, contratados para trabalhar nas fábricas paulistas, opuseram-se às condições miseráveis em que eram lançados pela burguesia industrial do início do século XX. O trabalhador brasileiro desse período era forçado a trabalhar jornadas longas e mal pagas e não tinha direito de se organizar nem de protestar. Para um dos primeiros presidentes da república – o médico Campos Sales –, 'a questão social [trabalhista, principalmente] é um caso de polícia'.

Os sindicatos se espalharam por todo o Brasil e, na nossa região, os primeiros de que se tem notícia foram criados já na primeira metade do século XX, entre Areia Branca e Macau, tradicional região salineira do Estado do Rio Grande do Norte. Tornou-se célebre o deputado Floriano Bezerra, natural da Fazenda Floresta, na época parte do município de Macau, hoje, do município de Alto do Rodrigues. Foi líder sindical e deputado estadual representante dos trabalhadores, mas teve seu mandato cassado com a instauração do Regime Militar de 1964.

Em Alto do Rodrigues, as discussões quanto a direitos trabalhistas começaram com a filiação dos trabalhadores locais aos sindicatos salineiros de Macau e de Areia Branca. Com a chegada da Petrobrás e de suas prestadoras de serviços, a organização sindical expandiu-se de modo que todos os chamados 'operários' do município são filiados.

Os servidores públicos de Alto do Rodrigues demoraram a constituir sua organização sindical, em virtude de a forma tradicional de chegar a cargo público, até algumas décadas atrás, ser a adesão ao projeto político vitorioso em campanhas eleitorais, uma situação indesejada, uma vez que criava a sentimento de que o servidor público era sempre devedor do gestor. Tal situação viria somente após a realização do primeiro concurso público no município, no ano de 1996, mas demoraria 10 anos até que surgisse um sindicato dos servidores municipais.

Assim, o Sindicato dos Servidores Públicos de Alto do Rodrigues - SINDISERPAR - foi fundado em 12 de agosto de 2006, tendo à frente, na ocasião, a professora Magnólia Morais, a qual soube articular as tendências políticas dos servidores/filiados, fossem de situação ou de oposição no contexto político local, conseguindo construir um sindicato que representasse os interesses de seus membros, pautando as ações em direitos garantidos por lei e fazendo uso, sobretudo, do diálogo firme com o Executivo e com seus representantes.

Desde 1º de janeiro de 2009, o SINDISERPAR é presidido pela professora Dalvanira Morais de Lemos, uma mulher íntegra e guerreira, que liderou os servidores públicos na conquista do Plano de Carreira do Magistério e do Plano de Carreira de Saúde, os quais trouxeram melhorias significativas para as categorias contempladas. Outras conquistas importantes foram a construção da sede própria do sindicato, com um auditório que tem atendido às necessidades da comunidade e, a mais recente, a construção da área de lazer denominada Clube Sindiserpar, um espaço para eventos e recreação, que atenderá, prioritariamente, aos interesses dos filiados.

Vale salientar que uma presidência sindical é um cargo representativo, onde o mais importante são os filiados e os processos democráticos que ocorrem envolvendo tais filiados. Por processos democráticos, entendemos, desde as eleições e as assembleias, até as reivindicações, as cobranças, a comunicação entre os membros e destes com a diretoria, e também as colaborações. E, neste caso, colaborar exige a disposição da ajudar, sugerir e trabalhar para que o sindicato se fortaleça e cumpra o seu papel, qual seja representar os interesses coletivos dos servidores públicos deste município.


Por isso é que chamamos todos os filiados do SINDISERPAR ao crescimento, à colaboração e à união, reservando sempre os direitos de discordar e criticar, mas sem jamais esquecer que o papel de todo filiado é participar construtivamente, pois o sindicato somos todos nós.

(Benedito de Sousa Melo, professor com licenciatura em História e membro do Conselho Fiscal do SINDISERPAR)

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